Outro dia eu escrevi num texto sobre minha habilidade em fazer com que as pessoas desconhecidas contem toda a vida delas em poucos minutos. Deve ser um dom, porque muitas vezes, parte delas abrirem o jogo.
Incrível é que quanto mais eu conto sobre isso, mais aparecem relatos. A partir de agora eu vou contar aqui a história dessas pessoas. Por enquanto eu vou começar com uma que rolou há um mês atrás, quando tava chovendo direto. Parei no Caldeira para tomar uma enquanto o trânsito melhorava e na saída dei umdois numa bia para pegar o busão de boa.
De canto de olho, vi um isopor desses que os picolezeiros usam com tampa quebrada. Depois eu olhei o cidadão que tava portando, ele meio resmungando com algum funcionário do bar. Só para tirar a atenção dele eu perguntei: te pegaram foi?
Ele aumentou as vogais do resmungado daqueles bem caboco-pávulo, bravo, mordido! Tipo assim: Não é? Rumm!
Me aproximei, ele sentiu meu cheiro, deu aquela conferida de cabeça aos pés e contou que ele tinha brigado com o ex da mina dele.
"Mas isso não vai dar B.O. pro teu lado? Esse bicho não vai querer voltar, se vingar, ishh" - intriguei.
Ele garantiu que aquela hora ele já tava longe, não demorou muito ele mostrou um terçado enferrujado enrolado no encarte da Bemol, sem parecer intimidado. Ainda contou que já tinha puxado cadeia e os caralhos.
Continuei na D.R:
-"E essa mina? Será que ela não vai fazer contigo o mesmo que fez com ele?".
Aí ele até com a voz mais mole:
- "Mermão, nunca vai acontecer! Eu sou diferente dele, eu gosto dela, trato ela bem, que nem uma princesa até!".
Aí eu, em tom de duvidando: "olha lá hein, essa parte dela tu já conhece, depois depois..."
Ficou no ar. Homem apaixonado é assim em todas as esferas. Fomos interrompidos pelo amigo dele que já tava lá na outra esquina e gritou por ele.
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